Conto - Omar e eu
- Paratryp
- 18 de set. de 2015
- 2 min de leitura

Nos conhecemos quando eu ainda era um bebê, nessa idade se gosta, sem causa e sem porquês.
Passávamos muito tempo juntos, geralmente nas férias ou quando tinha um feriado. Íamos eu e minha família encontrá-lo, e ele sempre nos saudava bem, com sua presença marcante e imponente. Às vezes ele estava de ressaca, ou bravo, sem motivo ou com, mas nós nunca sabíamos os porquês, e por isso muitas vezes estávamos próximos, porém longe, se quer nos tocávamos.
Quando isso acontecia costumávamos dizer que não tínhamos sorte, viajávamos de tão longe para visitá-lo, e era só chegarmos que o tempo mudava e ele se rebelava. Omar era, e é, mesmo de lua.
E eu que sempre tive uma queda por pessoas de personalidade, quando peguei certa idade, descubri que estava apaixonada. Também pudera, tem tudo o que mais gosto, esse jeito de roubar a cena, de se fazer presente, todos querem lhe ouvir, ele acalma, tranquiliza, nos faz pensar na vida, tem um jeito de se movimentar forte, porém sutil, capaz de me derrubar quando estou desatenta, e de me acariciar quando estou segura.
Depois que me peguei amando, não foi fácil, sabia que era melhor evitar, morávamos distantes, ele tão popular, atraindo tantas pessoas, eu com a minha vida no interior toda encaminhada. Então decidi ignorar meu coração, mas, como todo sentimento que inunda, assim como a água, acaba escapando por algum buraco. Quando eu estava com pessoas de extrema confiança, abria as comportas, para tirar o excesso, e sempre falava: “ai como amo Omar, um dia vou morar perto dele e vamos ficar juntos”.
Não sei se é dito popular, ou não, só sei que dizem que tudo tem sua hora certa. E eu, atenta que sou, percebi que minha hora tinha chego quando meu mundo interiorano desabou e Omar me sorriu, como quem diz: vem, agora chegou nossa vez!
Fui, sem olhar para trás! Ainda bem, hoje sou capaz de ver que aquí é nosso lugar.
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